Mães da quarentena e a saúde mental: uma questão de empatia e equilíbrio

Projeto fatigatis.info traz um olhar para o bem-estar das colaboradoras mães

Desde o início da pandemia, em 2020, o cuidado com a saúde mental é prioridade em todas as esferas e vem ganhando cada vez mais atenção no mundo corporativo, que teve de se reinventar em novos modelos de trabalho. Neste cenário, já parou para pensar quão difícil é encontrar o equilíbrio que o momento pede para as mães na pandemia?

Novas rotinas, novos espaços, novas responsabilidades. O impacto e a adaptação foram grandes para todos os profissionais. O confinamento mostrou que mesmo com a possibilidade de desacelerar, as tarefas continuam a mil, e encontrar leveza no dia a dia é uma das formas de continuar o percurso, seja pelo autocuidado, hobbies ou até mesmo os minutos a mais no banho, em especial para as mães.

Juliana Mariz e Lia Abbud

Com o objetivo de “informar para poder lidar”, a dupla de jornalistas Juliana Mariz e Lia Abbud criou o projeto fatigatis.info. A iniciativa, iniciada ainda em 2018, traz um olhar sobre o estresse materno e compartilha experiências de mulheres/mães que lidam com questões relacionadas à saúde mental e física e que buscam um caminho de bem-estar, ainda mais necessário no cenário atual.

Batemos um papo rápido com a dupla sobre o tema:

 

Qual o segredo ou caminho para o equilíbrio de uma vida de mãe com pouco estresse?

Nós acreditamos em alguns caminhos que buscam reformular o modelo da vida doméstica. Melhorar a divisão de tarefas e responsabilidades é o primeiro deles. Chamar todos os membros da casa para fazer uma completa análise de quem está fazendo o quê que para, assim, redistribuir tarefas de uma forma mais justa levando em consideração idade, habilidade e tempo disponível de cada um da casa. Precisamos tirar das mães as decisões por tudo o que acontece no âmbito familiar. Outra crença nossa é a de que devemos colocar o descanso como algo agendado para hoje. Não podemos esperar filhos crescerem ou aquela viagem maravilhosa acontecer para pausarmos. Essa pausa tem de ser feita diariamente, nem que sejam 5 minutos para estarmos conosco mesmo e descobrirmos o que nos reenergiza. Nós damos sugestões para nosso microcosmo, nosso ambiente familiar, porque acreditamos que as pequenas mudanças podem gerar transformações maiores.


Vocês percebem que as pessoas e empresas estão mais abertas para falar sobre saúde mental/física das colaboradoras mães?

Sim, é possível perceber um movimento ocorrendo nos últimos anos, muitas empresas criando comitês internos para conseguir ouvir mais os colaboradores, suas dores e demandas e promover iniciativas que contemplem essas necessidades, como a oferta de palestras e rodas de conversa, suporte financeiro a tratamentos psicológicos e até mesmo a criação de canais de escuta especializados e respeitando a confidencialidade/privacidade.

É importante que as empresas percebam que este acolhimento pode ser dado de diversas formas: por exemplo, delimitando o volume e os horários de reuniões e videoconferências e também compreendendo a situação de funcionários que são pais e que contam com algumas limitações enquanto as escolas dos filhos não voltarem ao seu funcionamento normal.

 

Quais as percepções de vocês de melhorias quando se fala em estresse materno?

Enxergamos como um exercício constante e necessário. Novamente a pandemia teve uma influência nesse aspecto, porque a sobrecarga e o estresse ficaram ainda maiores, então não dá mais para a mulher-mãe seguir acumulando tantas tarefas ou manter o plano de “dar conta de tudo”. Não é sustentável, a saúde cobra um preço muito alto. É preciso falar mais e mais sobre a questão da carga mental feminina e estresse materno porque é uma questão que diz respeito a todos nós como sociedade.

A redução do estresse materno passa por alguns pilares essenciais: 

  • manter o diálogo aberto com a família, apontando excessos, desequilíbrio e repactuando responsabilidades e tarefas
  • estruturação de uma rede de apoio
  • dissolução de três mitos: o da mulher multitarefas, o da mulher como mais apta e responsável por todas as atividades de cuidado, e a necessidade de dar conta de tudo
  • inclusão de momentos de descanso e de autocuidado na agenda da mulher

 

#OTrabalhoQueNinguémVê

No Dia Internacional da Mulher, o canal Meio&Mensagem no Youtube criou o movimento #OTrabalhoQueNinguémVê para colocar luz sobre as funções extras da agenda de uma mulher. Clique aqui para conhecer.

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