“Ser diagnosticada com câncer de mama em plena pandemia não foi nada fácil”

Giulliane Stano (Arquivo pessoal)
Giulliane Stano (Arquivo pessoal)

Aos 32 anos, a podóloga Giulliane Stano foi surpreendida pelo que parecia ser uma espécie de caroço em uma de suas mamas. Trabalhando como autônoma e sem plano de saúde, recorreu ao Sistema Único de Saúde (SUS) para se consultar com uma ginecologista. “A doutora pediu alguns exames e, no retorno, me encaminhou ao mastologista – médico especializado nas glândulas mamárias”, explicou Giulliane.

A pandemia da Covid-19, causado pelo novo coronavírus, já havia atrapalhado um pouco os negócios, mas Giulliane não imaginou que poderia ser ainda mais afetada.

Mesmo com a interrupção nos exames da doença, já foram registrados mais de 66 mil casos de câncer de mama no Brasil em 2020, o que representa 29,7% de todos os outros tipos da doença no país. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que também mostrou que o maior número de registros vem do Estado de São Paulo, com 5.350 casos de câncer de mama. Já o Estado com menor número de casos registrados é Roraima, com 60.

Por conta do quase colapso do sistema de saúde pública do Brasil, não havia disponibilidade para a consulta com o mastologista que a Giulliane tanto precisava. Por não achar que era algo grave, ela resolveu esperar até que fosse chamada. Mas a preocupação começou a aumentar: “Aquele ‘caroço’, que mais tarde descobri ser um tumor, foi aumentando, o que me fez desistir de esperar pelo SUS e ir atrás de ajuda por outros meios”.

Foi no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) que Giulliane conseguiu auxílio em plena pandemia. Ela foi diagnosticada com câncer de mama antes dos 40 anos e sem histórico na família. “A parte psicológica fica muito abalada porque, tecnicamente, eu não tenho nada que indicasse a possibilidade de ter esta doença um dia. Por isso o autoexame é essencial, além do acompanhamento médico anual”, ela ressalta.

Tendo terminado as quatro primeiras sessões de quimioterapia, conhecidas como “fase vermelha”, Giulliane agora segue para a “fase branca”, com mais 12 sessões marcadas e um longo caminho de recuperação, como ela mesma descreve.

Um desafio a mais na pandemia

“Tenho duas amigas que pegaram Covid-19 e se recuperaram. Estou tomando muito cuidado e em isolamento total, porque, pelo tratamento do câncer de mama, é como se nossa imunidade fosse ‘zero’, dizem os médicos. Entramos em um grupo de risco quando começamos a quimioterapia”, explica Giulliane sobre os cuidados em relação ao coronavírus.

Ela ainda expõe uma parte muito triste sobre a carga que a pandemia trouxe ao sistema de saúde: “Tenho recebido ligações do SUS somente agora para realizar exames que eu fiz há meses no Icesp. Isso me faz pensar que, se eu tivesse esperado e não tentado outra opção, talvez não teria o melhor tratamento agora”.

A luta é diária, mas não solitária

Giulliane Stano (Arquivo pessoal)
Giulliane Stano (Arquivo pessoal)

Giulliane fala abertamente em seu instagram (@giulliane_stano) sobre a doença e o tratamento, mas não é por isso que o processo se torna mais fácil: “O psicológico abala muito, mexe com todo emocional, autoestima, enfim… é realmente uma luta diária”.

Mas ela tenta não se abater e procura nos pores-do-sol e nas luas cheias as forças que precisa para encarar este momento sempre com um sorrisão no rosto. “Olha, eu sou a ‘louca do céu’! Amo observar o sol e a lua, sinto uma energia muito boa!”, conta. “Ganhei muitos seguidores depois que comecei a abordar o câncer de mama e percebo que a maioria é de pacientes oncológicos ou que já passaram por isso. Muita gente me chama pra contar que descobriu, para desabafar, pedir algum conselho. Isso faz muito bem pra nós, essa troca de experiências, carinho, porque é um mundo totalmente novo. A gente se entende e une forças”.

Nascida e criada na Zona Norte da cidade de São Paulo, capital paulista, Giulliane gosta de passar as horas vagas cercada de quem ama. Com o namorado, família ou amigos, adora curtir um bom samba, mas não só isso. “Ah, eu sou bem eclética, gosto de tudo. Antes da pandemia ia para barzinhos, parques, andar de bicicleta, shopping e, olha, eu AMO uma praia!”.

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